Lenços na cabeça no alvo da moda
- Revista Bendita
- 12 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
Especialista e professora de Design de Moda explica a origem do adorno e suas diferentes formas de usar. O acessório é febre, inclusive no BBB21
(Fotos: BBB21/TV Globo)
Nos últimos meses, o lenço vem ganhando destaque na mídia por compor os looks de famosas e de diversas influenciadoras digitais. Incluindo as participantes do reality show Big Brother Brasil 21 (BBB21). Segundo Valesca Sperb Lubnon, professora do curso de Design de Moda do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), o acessório esteve presente antes nas passarelas internacionais de marcas famosas, com composições chamativas, e logo caiu no interesse de blogueiras e influenciadoras, que publicavam formas de usá-lo.
No programa global, a atriz Carla Diaz (D) inaugurou a febre das sisters, que usam a todo instante bandanas e lenços na cabeça. A digital influencer Camilla de Lucas (E), que adora mudar o look, também usa. A mais recente a aderir foi a advogada e maquiadora Juliette Freire - favorita até o momento ao prêmio de R$ 1,5 milhão, ela é o mais novo fenômeno do Instagram, chegando recentemente à marca de 20 milhões de seguidores!
(Fotos: BBB21/TV Globo)
Além de Camilla, Juliette e Carla, a cantora Pocah, a youtuber Viih Tube e a dentista Thaís Braz usam com frequência o acessório no BBB21. O lenço também ajuda a disfarçar aqueles dias de "bad hair".
Com isso, Valesca relembra as origens dos lenços.
HISTÓRIA
Versátil e criativo, o lenço transitou em diversos contextos históricos, seja com função social e religiosa (para cobrir os cabelos das mulheres), ou cultural em danças no Oriente Médio há séculos. E ainda como proteção contra o sol e a poeira por mulheres europeias que trabalhavam no campo na Idade Média (entre 476 e 1453).
“Relatos dizem que a rainha Nefertiti, do Egito, foi uma das primeiras mulheres a utilizar o lenço como ornamento, em 1350 a.C.", explica a especialista Valesca Sperb Lubnon.
Mas ela conta que foi a partir de 1930 que a peça caiu na graça de artistas e famosos, por meio das coleções da Hermès, marca que já produzia o adereço há décadas. "A elegante Jackie Kennedy Onassis, esposa do 35º presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, tinha um vasto acervo de lenços de seda e foi ícone na sua época usando o acessório em várias ocasiões, esbanjando estilo e elegância”, diz Valesca.
Os romanos utilizavam um lenço aromatizado feito de linho amarrado ao pescoço para conter o suor, na época de Cristo. “Daí o nome sudário”, diz a especialista. No caso das camponesas europeias, ela pontua: “características como lenço na cabeça, pele queimada pelo sol e roupas feitas de tecidos simples e grosseiros definiam a mulher de origem humilde. E, portanto, eram vistas com preconceito pelas famílias abastadas, para as quais o uso de lenços de bolso, feitos de seda, linho ou algodão, com bordados requintados, demonstravam o status da pessoa”.
MODOS DE USAR
Apesar de serem atemporais, os lenços vêm repaginados porque a moda se reinventa o tempo todo. Para quem quer entrar na tendência e deixar os looks ainda mais estilosos, a designer de moda diz que basta escolher uma opção que combine com o seu estilo e usá-la de formas diferentes, como faixa, bandana, turbante e para dar acabamento aos coques e rabos de cavalo.
Além de sua versatilidade na cabeça, o adorno também pode ser usado em bolsas, como cinto ou pulseira. “Existem vários tutoriais ensinando a fazer lindas amarrações para usar o lenço no pescoço, tanto no verão quanto no inverno. Levar o lenço amarrado delicadamente na bolsa, deixa a peça acessível para quando entrar em um ambiente mais frio e poder usá-lo para aquecer”, afirma.
Veja celebridades que não dispensam o lenço na cabeça e como elas o usam: Dua Lipa, Iza, Kylie Jenner e Rihanna:
(Fotos: Reprodução Google)
Não só como acessório para todos os estilos e idades, o lenço tem ainda papel fundamental no empoderamento, que, de acordo com a especialista, muitos movimentos a favor da autoestima da mulher tem estimulado o uso, principalmente, em apoio à perda dos cabelos provocados por enfermidades.
“Além do poder que hoje traz para as mulheres no enfrentamento de doenças como o câncer, o lenço também já foi usado por homens em diferentes momentos na história como forma de diferenciação social, feito com tecidos nobres e amarrações elegantes, sendo um antecessor da gravata, que auxiliava na identificação de seu status”, conta.
“No Oriente Médio, eles utilizavam os lenços para proteger a cabeça do sol do deserto, com amarrações e estampas diferenciadas identificando sua tribo e origem. Aqui no Brasil, no Rio Grande do Sul, lenços brancos ou vermelhos identificavam a posição política do gaúcho durante a Guerra dos Farrapos (1835-1845). As bandas de rock nos anos 1970, 1980 e 1990 difundiram o uso de bandanas entre jovens, identificando esses grupos urbanos”, finaliza Valesca.
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